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O CORAÇÃO QUE ORA ( PARTE III )

" Arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós " ( Os 10.12 )

INTERCESSÃO PELA NECESSIDADE

Neemias registra o conteúdo da oração que ele, diante da situação, ofereceu, a qual certamente deve ser incluída entre as maiores orações das Escrituras. Observe, em primeiro lugar, quão majestosa é a sua concepção de Deus. Sua avaliação da enorme necessidade de Israel é mais do que compensada pela sua apreciação da grandeza do seu Deus para lidar com ela. Se não fosse essa visão da grandiosidade do Senhor, a imensidão do problema diante de Israel o teria levado ao desespero.

Ouça, então, a sua oração: " Ah! Senhor, Deus dos céus, Deus grande e temível, que guardas a aliança e a sua misericórdia para aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos! " ( Ne 1.5 ). Aqui está um coração cheio de reverente admiração por Deus e daquele temor do Senhor que é o principio da sabedoria ( Pv 9.10 ). Neemias pôde, inclusive, se incluir entre os " servos que se agradam de temer o teu nome " ( Ne 1.11 )

Quão raro é encontrar tal atitude para com Deus hoje, mesmo entre os santos! Como uma verdadeira marca de avivamento, entretanto, ela será encontrada onde quer que haja cristãos que paguem o preço
pela consagração; também se alastra por toda parte quando Deus desce para a terra em poder. Tal temor de Deus só é possível encontrar naqueles que têm uma visão clara da majestade e santidade do Senhor, por um lado, e do seu amor e fidelidade, por outro.

Para Neemias, Deus não era apenas " glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas " ( Êx 15.11 ), mas também " compassivo e cheio de graça " ( Sl 86.15 ), " o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que os amam" ( Dt 7.9 ). Neemias prevalecia em oração porque considerava Deus fiel e invocava suas promessas. Lembrou-lhe o que se comprometera a fazer por aliança ( Ne 1.8 ) e pressionou-o a cumpri-lo.

Essa é uma alavanca espiritual que nunca deixa de mover a mão que move o mundo. Esse grande princípio caracterizou a oração de Abraão, Moisés, Elias e Daniel. Toda intercessão poderosa em todos os tempos que já abalou o reino das trevas foi baseada nas promessas de Deus. Por que devemos esperar que Deus faça o que ele não concordou em fazer? Por que devemos esperar que ele faça menos do que prometeu?

Duncan Campbell escreveu a respeito dos fiéis que estavam buscando a Deus em favor de um avivamento em Lewis antes de 1949: " Eles estavam tomados pela convicção de que Deus, sendo um Deus de aliança, só pode manter seus compromissos firmados na aliança. Não havia ele prometido derramar água sobre o sedento e torrentes , sobre a terra seca" ( Is 44.3 )? Aqui estava algo que para eles existia no campo da possibilidade; por que não o estavam experimentando na prática? Mas eles chegaram em tempo ao lugar em que puderam clamar, com uma só voz, junto com os servos do Altíssimo da antiguidade: " Nosso Deus...pode...e ele o fará "( Dn 3.17 ) ( The Lewis Awakening/ O Despertamento da ilha de Lewis ).

A partir desta oração de Neemias, duas outras características importante surgiram:
Em primeiro lugar, a seriedade e a firmeza que caracterizaram sua oração. " Estejam, pois, atentos os teus ouvidos...à oração do teu servo, que hoje faço à tua presença, dia e noite " ( v6 ). Não vemos aqui paixão ou entusiasmo momentâneos, que desapareceria com o passar do tempo; nem tampouco uma súplica que pudesse ser reduzida ao silêncio por reveses e decepções. Havia a vontade e a determinação de perseverar até chegar a vitória completa, como se vê pelo fato de que ele orava sem cessar.

Esse é certamente um fator indispensável para a oração eficaz. Muitos que oram nunca alcançam a resposta porque não perseveram. " Porque a seu tempo ceifaremos " ( Gl 6.9 ). Isso certamente é válido em relação à oração. Muitos, infelizmente, desfalecem e desistem da batalha que começaram tão bem, porque o " tempo devido "não chegou tão logo quanto esperavam, ou porque o preço provou ser mais do que estavam disposto a pagar. Não existe " oração que prevalece "sem esse forte propósito gerado no coração pelo Espírito. Oh, que Deus nos conceda a persistência inabalável que marcou a oração no cenáculo ( At 1.14 ) e da igreja primitiva ( At 2.42; 6.4 ). " Porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha, e chova justiça sobre vós."

Em segundo lugar, houve uma confissão de Neemias no meio das petições. " Faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel " ( Ne 1.6-7 ). Ele não reclamou com Deus que estavam sendo duramente tratados nem fez menção de sua aflição e opróbrio; ao invés disso, ele expôs a raiz do problema- o pecado do povo, escancarando-o diante de Deus em confissão. Essa era a condição para haver restauração do cativeiro ( 1 Rs 8.46-49 ). Não poderia vir restauração alguma sem arrependimento.

Mesmo não podendo forçar os outros a confessar, Neemias podia confessar no seu lugar. Essa é uma características importante na obra de intercessão: identificar-se  não só com a necessidade, mas também com o pecado das pessoas em favor de quem a intercessão é feita. Moisés fez isso ( Êx 32.31-32; 34.9 ) e também Daniel ( Dn 9.4-14 ). Mas Neemias também confessou que tanto ele quanto o seu círculo imediato estavam envolvidos, pois afirmou: " pois eu e a casa de meu pai temos pecado. Temos procedido de todo corruptamente contra ti ".

Ele estava pronto para reconhecer que tanto ele quanto sua família haviam contribuído com uma parcela dessas iniquidades do povo que Deus estava julgando. Nem mesmo ficou satisfeito com uma mera generalização, mas especificou em que aspectos haviam pecado, revelando a triste história de mandamentos, estatutos e juízos quebrados. Em nossas confissões, devemos ser tão específicos e claros quanto somos nas petições.

Continua.
Abraços,
Luiz Silva

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