" Arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós " ( Os 10.12 )
REAÇÃO Á NECESSIDADE
" Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; estive jejuando e orando perante o Deus dos céus " ( Ne 1.4 ).
Na reação a necessidade espiritual, o estado do coração é revelado. O Salvador não conseguia olhar para as multidões desgarradas, como ovelhas sem pastor, sem ser movido por compaixão. Ele não conseguia contemplar, sem lágrimas, a cidade de Jerusalém, que, mesmo ouvindo sua palavra e testemunhando seu poder, rejeitava a sua mensagem.
Como precisamos orar: " Senhor crucificado, dá-me um coração como o teu ". Tal coração tinha Neemias. Se tivesse sido outro, ele poderia ter acalmado sua consciência e seus sentimentos de que Jerusalém estava longe, que ele estava sendo bem tratado em Susã, a capital, e que as desolações de Sião não eram culpa dele; por que, então, ele precisaria se preocupar ?
Ele poderia ter argumentado que essa situação era consequência do pecado do povo- de outras pessoas; e que cabia a elas, e não a ele, corrigir a situação. Ele poderia ter-se fortalecido na indiferença, afirmando que o fim daquela era ( do período de cativeiro ) estava iminente, que o julgamento sobre a apostasia do povo tinha sido previsto e, portanto, que não havia esperança de recuperação ou avivamento antes da vinda do Messias. Mas como foi diferente a sua atitude!
Se era um tempo em que Jerusalém estava tentada a dizer: " O Senhor me desamparou, o Senhor se esqueceu de mim ", então Deus também estava pronto para responder com a ternura de uma mãe que amamenta seu filho: " Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros ( ainda que sejam caídos ) estão continuamente perante mim " ( Is 49.14-16 ). Foi o homem segundo o coração de Deus que recebeu a inspiração de escrever muito antes: " Orai pela paz em Jerusalém! Sejam próspero os que te amam " ( Sl 122.6 )
Por estar em sintonia com Deus, o coração de Neemias não conseguia contemplar as aflições de Jerusalém sem luto, nem era capaz de amá-la sem chorar. Para prevalecer em oração é necessário ter um coração compassivo e sensível, um profundo anseio pela glória de Deus e o bem do seu povo. Neemias chorou e lamentou. Enquanto nossa oração for fria, formal e sem lágrimas, não podemos esperar que Deus trabalhe em nosso favor, assim como fez Neemias. Aquele que " sai andando e chorando " é quem pode ter esperança de voltar " com júbilo, trazendo os seus feixes " ( Sl 126.6 ).
" Bem- aventurados os que choram, porque serão consolados " ( Mt 5.4 )
Em face de tanta necessidade, a tristeza de coração por si mesma não é suficiente, pois lágrimas não podem remediar a situação. A tristeza segundo Deus, no entanto, se for gerada pelo Espirito, moverá a vontade e a levará à ação. Disse Neemias: " estive jejuando e orando perante Deus dos céus "
Raramente a igreja hoje recorre, mesmo diante de sua imensa necessidade, a esse remédio antiquado, porém ainda bíblico. Outros santos do antigo testamento, como Davi ( Sl 109.24 ), Josafá ( 2 Cr 20.3 ), Esdras ( Ed 8.21 ) e Daniel ( Dn 9.3 ), não hesitaram em jejuar nos momentos de grande pressão ou quando a necessidade da hora o exigia. Jesus não só jejuou ele próprio ( Mt 4.2, Jo 4.31-34 ), mas nos deu importante ensinamento sobre o assunto.
É necessário salientar o que o Salvador disse: " quando jejuardes" ( Mt 6.16 ), não " se jejuardes ". Ele tomou como certo que haveria momentos em que seus seguidores sentiriam essa necessidade e, por isso, profetizou:
" Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar " ( Mt 9.15 ).
A igreja primitiva cumpriu essa profecia de Cristo. Foi a partir de um tempo de jejum que saíram aquelas poderosas viagens de Paulo para fundar igrejas que virou o mundo de cabeça para baixo. Ele e Barnabé foram separados para um ministério especial " servindo eles ( com os outros profetas e mestres em Antioquia ) ao Senhor e jejuando " ( At 13.2 ). Foi com mais jejum e oração que foram enviados pela igreja e pelo Espirito Santo ( At 13.3-4 ). Foi " em jejuns frequentes " que o grupo apostólico se recomendava a si mesmo como ministros de Deus para que não houvesse ocasião de tropeço ( 2 Co 6.3-5, 11.27 )
" Sede meus imitadores", exorta o apóstolo, " como também eu sou de Cristo " ( 1 Co 11.1 ). Muitos que foram poderosamente usados em avivamentos, bem como outros cujos nomes jamais serão conhecidos até a revelação, seguiram o exemplo de Cristo e dos apóstolos e se entregaram inteiramente à oração dessa forma.
Nenhuma regra pode ser imposta porque não há regra alguma sobre jejum nas escrituras. Fatores de saúde e força e circunstãncias gerais devem ser levados em consideração. Cada um deve ser guiado neste assunto pelos ditames do Espirito. Mas lembremo-nos de que uma situação desesperada exige medidas desesperadas. O jejum é uma indicação de que estamos falando sério com Deus.
" Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração ", diz o Senhor ( Jr 29.13 )
Abraços,
Luiz Silva
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